quinta-feira, 31 de março de 2011

Rainha de copas


O deputado Bolsonaro se encrencou de novo. Falastrão, boquirroto, foi ao CQC e num 'se levanta que eu chuto', chutou o pau da barraca. Defendo ele naquele caso, não que ele mereça isso, apenas dá pra perceber que a resposta, horrível e que seria horrível também se fosse a resposta para a qual ele pensava estar dando a resposta, ainda assim dá pra ver que ele trocou as bolas e mandou ver um monte de impropérios em cima da Preta Gil. Não contente depois do primeiro burburinho criado, no outro dia, agora no velório do Zé de Alencar aprontou outra e mandou ver que não liga a mínima para os gays. Até aqui são fatos públicos e notórios, daqui por diante ninguém sabe onde isso vai parar.

Ninguém paga nada por falar de menos, não? Quando você confunde seus credos, suas ideologias, seu modo de perceber o mundo achando-os únicos e acima de qualquer suspeita, você está a meio caminho da desgraça. Bolsonaro faz isso, parece que é um marketing com método. Ele não fala as barbaridades que diz em público sem saber que o faz para "o seu público". Ele é um deputado, necessita de votos para se reeleger e se reelege eleição após eleição, logo ele tem eleitores fiéis. De tempos em tempos jornalistas espertinhos, que precisam de uma manchete, o entrevistam, e ele não se faz de rogado e manda falatório nos assuntos que acredita estar com a verdade. A verdade quase nunca está com ele. Pessoa que parece parado no tempo, estagnado numa concepção de um mundo ilídico, perfeito; um universo ariano permeia a cabeça do deputado, mas quanto a isso ele não está sozinho e muitos adoram seu estilo pois têm também um universo parecido em suas cabeças, apenas sabem que não sãos deputados e nem contam com foro privilegiado para discutir qualquer encrenca.

O deputado acabou dando de bandeja sua própria cabeça. É que o mundo mudou. Aquele tempo preconceituoso, elitista, (em tese) acabou, ficou para trás. O mundo está sendo reordenado e as minorias agora podem clamar por igualdade e fraternidade do alto das suas trincheiras de batalha, e, como ninguém é bobo e os tempos mudam, o mais certo para que um passado não tão remoto volte a assombrar é ter uma lei para chamar de sua, se não tiver uma lei particular não serve. E eis que o deputado se presta a esse serviço. Seu destempero verbal, permeado de um pensamento fascista serve à causa justamente que mais odeia. Seu ódio, ao meu ver é injustificável, mas ele será imolado vivo, as minorias precisam de um copo de sangue fresco para comprovarem suas teses.

Nesse diálogo de surdos em que estar ao lado das minorias parece mais ser uma obrigação moral, tal e qual as bolsas governamentais (quem está contra é contra o povo), o discurso errático do Bolsonaro serviu sob medida e as ditas minorias ficaram com o queijo e a faca nas mãos. Todo mundo precisa ter como se defender de pessoas como Bolsonaro, ainda bem que por terem sido minorias durante tanto tempo agora mostrarão que são pessoas centradas, equilibradas, o perdão pende diante da cabeça do detrator. Os jacobinos só gritarão: "cortem-lhe a cabeça", e todos ficarão satisfeitos por verem cair uma cabeça que não a sua. Só uma pergunta, quem nos defende dos radicais contrários a Bolsonaro?

O silêncio é a chave, e da arquibancada assistiremos as próximas rodadas. Será isso que Martin Luther King chamava de o silêncio dos bons? Eu sou bom? E o que manda a Constituição? Dane-se a constituição se for para o bem da cidadania? Deixa ver... claro que não!!! Errou que pague, mas que não precisemos tirar as crianças da sala por conta disso, como um grande espetáculo pedagógico do tipo "tá vendo? Não mexe com a gente!". E a moderação morreu de overdose.



w.a.

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