segunda-feira, 28 de março de 2011

Yes, nós temos Bananas!


Na Europa a banana é, hoje, o símbolo máximo do racismo. Coitada da fruta. Decadência total. Já foi chapéu e não saía da cabeça da Carmem Miranda; era comida preferida do Guga entre um set e outro, quando ele dominava o circuito mundial, agora é uma forma metafórica de dizer: macaco e por extensão negro ou gringo. Países que produzem bananas deviam se juntar e exigir reparação urgente, estão denegrindo a banana, essa fruta saborosa e cuja antiguidade merecia um respeito maior.

A banana já foi chamada pelo romano Plínio de "a fruta dos sábios". Dizem até que a fruta que desgraçou Adão e Eva foi a banana e não a maçã, mas por ela ter esse sentido fálico optou-se pela maçã, vermelha, despudorada, para assim criar uma métafora consistente de pecado. Também contribuiu para o erro as traduções erradas para o latim do hebreu, na vulgata de São Jerônimo ele optou pela palavra "malum", que quereria dizer "malicioso", mas "malum" siginificava maçã em latim, assim adeus banana da Bíblia. Outro erro crasso de tradução seria a já famosa roupa do casal depois de expulsos do paraíso, segundo consta eles vestiriam folhas de figueira para cobrirem seus corpos nus, mas todos sabemos que folha de figueira não cobre nada, e isso seria outro erro de tradução, pois banana durante um bom período era chamado de figo. Logo Adão e Eva vestiam isso sim vastas folhas de bananeiras, ou então teriam criado os primeiros biquinis que setem notícia com as minúsculas folhas de parreiras.

O tempo e a história têm sidos péssimos amigos da banana. Desde Pápua-Nova Guiné, 5000 a.C., passando pela África, Oriente Médio, Europa, até chegar às Américas a banana teve uma vida muito atribulada. O nome banana foi dado pelos negociantes árabes, pois eles a chamavam de banan, que quer dizer dedo em árabe. A fruta uma vez aqui nas Américas sentiu-se em casa e proliferou à vontade. Mas uma vez na América nunca antes uma fruta havia mexido tanto com os poderosos. O homem já havia feito loucuras por ouro, prata, seda, temperos, açúcar, café e então passa a ser a banana a bola da vez. A Unidet Fruit em 1920 é uma megacorporação e manda e desmanda nos países em que tem terras e bananas. É uma época negra em que as empresas com todo o apoio da Casa Branca transformam seus territórios em verdadeiros países e criam o que se chamou de "Repúblicas das Bananas" para nações cujos governantes construíram-se e mantiveram-se orbitando entre as companhias e o governo americano.

Ora, se a banana não teve uma vida muito virtuosa não é por culpa dela. Fruta facilmente cultivável, aqui no Brasil vários quintais tem seus próprios bananais para consumo. Nos mercados uma vastidão de tipos para todos os gostos: nanica, prata, ouro, da terra, d'água. É preciso que se diga ao mundo que nós, brasileiros e porque não latino-americanos em geral não admitimos que uma fruta como a banana tenha seu nome atado a casos de racismo. Precisamos limpar o nome da banana, quem sabe agora os jogadores entrem em campo com cachos de bananas que seriam doados para instituições de caridade depois do jogo. Ou então no lugar das estrelas que indicam quantos títulos mundiais temos, colocarmos singelas bananas, numa edição limitada que tenho certeza venderá muito.

Quanto ao racismo não há muito o que fazer, descobrir quem são esses dementes, banir dos estádios isso já basta, pois um racista dificilmente deixará de ser racista por alguma didática qualquer, isso é questão de educação. Jogadores de futebol podem e devem se defender continuando seu trabalho dentro de campo, marcando gols, jogando bonito, já a coitada da banana essa precisa que a defendamos. A banana exige uma reparação.


w.a.

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