Ah, qualquer semelhança com uma coluna da Super Interessante é mera coincidência.
O pecado mora ao lado. A lindíssima Marilyn Monroe está simplesmente perfeita. Trata-se de uma época em que as mulheres enlouqueciam os homens sem mostrar nem a ponta do tornozelo, pois nisso se consiste o grande segredo feminino: insinuar e nunca escancarar. Sua personagem cumpre com êxito estes quesitos, levando literalmente à loucura o vizinho que está sozinho em casa enquanto a esposa está de férias com o filho. Ingênua, inocente, provocante, sensual, displicente, totalmente sedutora, e é claro MA-RA-VI-LHO-SA! E sem falar que é chance de ver em seu contexto original a cena mais repetida e imitada do cinema, aquela do vestido branco e esvoaçante sobre o vento do metrô. Quem é que nunca viu essa cena.
Fale com ela. Pedro Almodóvar, este nome sempre divaga na cabeça dos leigos cinematográficos que quando interpelados sobre, sempre saem com o subterfúgio do “já ouvi falar”. É uma irresponsabilidade ficar perpetuando a desculpinha esfarrapada. Para quem ainda não viu nada do renomado diretor, pode sim começar com essa que é uma das suas mais recentes produções. Dois homens que se encontram numa mesma adversidade da vida. O primeiro é um enfermeiro que se apaixona pela paciente em coma que já havia conhecido antes, sem ter com ela qualquer envolvimento. O outro ao contrário deste, padece ao lado da namorada que também está em coma, mas não consegue lhe dizer uma única palavra e todas essas vidas vão se entrelaçando cada vez mais. Uma história de amor, loucura, frieza, solidão, paranóia, infelicidade, medo, inconseqüências. “Cores de Almodóvar” como cantaria Adriana Calcanhoto, falando nisso música brasileira é o que não falta no filme. Para quem for seguir a minha lista, pode começar com esse para abrir com chave de ouro.
PS Ah, mas para salvar um pouquinho, os protagonistas são excelentes atores, só que depois desse bombardeio todo, nem é bom citar seus nomes tampouco falar de suas qualidades.