domingo, 2 de setembro de 2007

Eros, última vez.

Sempre que se fala em Eros, em erótico, as mentes fervilham pensando em sacanagem, em sexo, ou na imagem clichê do Cupido, um menininho sem camisa, cachinhos dourados, só de fraldinha atirando flecha à torta e direita. Tudo bem, ambos os assuntos, o Cupido e o sexo não deixam estar relacionados. É só analisar bem suas flechinhas e reparar que elas não passam de símbolos fálicos, porém Eros não é só isso.

Por incrível que pareça as idéias de erótico, de sacanagem não tem nada, pelo contrário, seus conceitos chegam a ser carolas, antiquados e os adeptos de constantes atividades sexuais, não estarão nenhum pouco interessados em ouvi-los.

Primeiro que se confunde erótico com pornografia. A grosso modo pode-se simplesmente dizer que a pornografia, cuja palavra remonta origens que acaba tendo conotação com prostituta, nos traz o significante de que pornografia se trata de intuitos meramente comerciais, a venda de imagens usufruindo todos os limites do corpo, todas as extravagâncias sexuais, sem nenhum interesse belo é claro, exaltando apenas a vontade de se propagar a luxúria, transformando o sexo em algo vulgar, um prazer que é bom, mas é proibido. Eros nada mais é de que o amor sensual, o desejo de vida onde inclui o sexo apenas como parte do amor, assim o sexo não é meio de prazer individual, é um prazer mútuo, onde os seus praticantes devem se respeitar, não podem se tornar meros objetos da luxúria.

Logo Eros não se restringe unicamente ao sexo e sim a todo imenso desejo de vida, suas primeira intenções podem não ser de todas ruins, aí que entra Tanatos, que é o desejo de morte, de destruição e, surge como uma quase conseqüência de Eros, uma vez que para se realizar um forte desejo, temos que cometer certas mortes. Para você estar aqui lendo esse texto você está cometendo certas mortes, você poderia estar lendo seus e-mails, vendo seus recados no orkut, ver as últimas noticias, ou qualquer outra coisa, ou seja, você cometeu Eros e Tanatos. Lógico que esse meu exemplo é por demais simples. Mas quando se trata de um desejo maior, como a conquista do poder, tomar todas as fortunas de um determinado país, esse é o meu Eros. Entretanto para conseguir isso, quantas guerras não vou ter que causar? Quantas mortes? Tudo isso é Tanatos.

Por isso muitas vezes faz-se a conexão Eros x Sexo. A imensa vontade do prazer advindo do sexo, ocasiona indubitavelmente Tanatos. O prazer é só meu, ela que se dane! Nada de ligar no dia seguinte. Não há então a valorização humana, o parceiro ou a parceira é só um objeto propulsor do prazer, nada mais.

Tudo isso acaba sendo um papo muito careta para os dias de hoje. Principalmente nessa nossa sociedade ocidental, onde há uma explícita lascívia, ao contrario da oriental, onde praticamente não se toca no assunto e suas mulheres muitas vezes estão cobertas da cabeça aos pés. Formatos tão arcaicos de relação talvez não possam ser comportados em mundos tão turbulentos, tão masculinizados, há pais que ainda levam os filhos para estrear em bordel.

Impossível inverter destinos tão certos.



Imagem: "Jovem defendendo-se de Eros" (1880) - William-Adolphe Bouguereau (1825-1905).



t.c.s.

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