segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Na minha idade, só a velocidade...


A Jovem Guarda acabou, mas viver sobre rodas (duas ou quatro) ainda continua sendo o sonho comum de milhões de jovens. Mesmo que isto não seja mais assunto das músicas atuais, pois elas padecem até da falta de assunto, mas isso não vem ao caso. Caso é que basta andar pelas avenidas das pequenas ou grandes para ver uma garotada ainda cheirando a leite desfilando gloriosa com suas cabeças enfiadas em capacetes ao vento ou com mãos firmes, imponentes sobre volantes. Na maioria das vezes sem a tão sonhada carteira.
Antes de conseguirem o feito sempre acham que quando motorizados serão sócios do mundo. Irão conquistar todas as mulheres, conseguirão os empregos mais rentáveis possíveis. Muitos parecem ver o fato de ter um veículo como último objetivo, o máximo, um status inigualável. Abusando desses sonhos proliferam-se concessionárias. Uma epidemia de consórcios e facilidades que cheiram à guilhotina. No meio deste paraíso infernal, completar dezoito anos e tirar carteira de motorista deixou de ser um direito, para ser uma lei exigida por uma sociedade intrometida Muitos caem, como se estivessem sendo abduzidos pelo canto da sereia.
As mulheres literalmente também entram de carona nessa paranóia. Afinal, são elas toda a inspiração. Porém agora já querem igualmente a frente da pilotagem. Não faltam modelos exclusivamente feito para elas, como a famigerada Bis, ou um Ford Ka, Honda Fiat. Se bem que essa divisão de Luluzinhas e Bolinhas não entra muito em questão, quando o assunto é velocidade. Entretanto o meu resquício de machismo ainda encara com certa estranheza e repúdio lindas mulheres pilotando motocicletas, com exceção da meiga Bis. Já as outras, nas quais em todas é preciso se assentar como num passeio a cavalo, a pose empinada sempre deixa um quê de vulgaridade, uma explícita imagem de conotação sexual. A posição talvez também não seja lá muito confortável para os homens, todavia o que eles querem é serem vulgar. Destarte a truculência do veículo não combina nada, nada, com toda a sublime delicadeza feminina.
Quiçá num espírito de aventura, jovens donzelas sejam boas companheiras de fuga na garupa de uma moto. Talvez esta e seu motoqueiro sejam uma versão atual dos arcaicos cavalos brandos e príncipes dos contos de fada.
t.c.s.

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