sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Preguiça

Todos temos o direito à preguiça, apenas colocaram na nossa cabeça que não. Na união dos improváveis, sobrou para nós, o povo. Se trabalhássemos três horas por dia daríamos conta do nosso experdiente inteiro, é só pensar bem. Fazemos pausas para cafés, lanches, refeições, conversamos sobre o resultado do futebol, alguns analisam as novelas, outros a política, perdemos um tempo lendo repassando e deletando e-mails, alguns já se linkam na rede e ficam mandando mensagens daqui para lá, tire tudo isso, faça só o seu serviço de um fôlego e pronto você entraria às oito e às onze já estaria a caminho de casa, mais do que isso, estaria apto para se dedicar ao que viemos fazer nesse mundo, curtir.

Alguns se realizam fazendo doações, erguendo bandeiras, outros lendo livros, engrandecendo o espírito, uns iriam caminhar, correr, cuidar do corpo, zelar do espírito, se refestelar em festas, reuniões, tudo dentro da premissa do seja feliz, seja você. Casais seriam mais casais, filhos teriam pais, mães poderiam se dedicar ao confronto saudável da máquina e do espelho, do cuidado doce da família e da lei da gravidade que derruba o ego, iríamos nos dedicar ao que nos satisfizesse. Mas isso não é possível mais, o modelo econômico seja ele socialista ou capitalista prega o trabalho em primeiro lugar, um em benefício de todos o outro em que todos são para si e para os seus a salvação. A Igreja entrou com sua parcela de culpa e disse "o trabalho dignifica o homem", fingiram não entender o Sermão da Montanha onde Jesus dizia "Contemplai o crescimento dos lírios dos campos, eles não trabalham nem fiam e, todavia, digo-vos, Salomão, em toda a sua glória não se vestiu com maior brilho". Na Grécia antiga o homem se dedicava aos esportes, o corpo são em mente sã, siginificava tempo para cuidar de si, zelar o estado, aprender a crescer, viver, hoje nem filósofos existem mais.

Hoje ninguém mais fala nisso, mas muitos o fazem sorridentemente, quantos dias por semana trabalham os deputados e senadores?, sobra até tempo para se dedicarem ao que mais gostam, pena terem apetites tão mesquinhos. Milhões lutam para passarem em concursos onde vão trabalhar quatro horas, ganhar bem e assim alcançarem a glória que deveria ser de todos. O trabalho estupidifica o homem, isso é um fato, e os sindicatos nada mais são do que o braço desarmado do patrão, lutam por quireras, alardeam quimeras, e glorificam o fato "o pão nosso de cada dia nos dai hoje" como uma honra e não uma esmola, enquanto abandonam a essência. Deixamos de crescer e chegamos exaustos aos bancos escolares, para fingirmos aprender o que exaustos professores fingem ensinar. Que Paul Lafargue nos socorra.


Imagem: Delacroix, Odalisca reclinada em um divã


s.o.

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