segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sonhos vazios?

Enquanto sonho com vitórias do que me resta dos meus ideais embaralhados, das minhas vontades poucos sonoras, escuto música emprestada sem pagar no meu mp3. Assim é nossa vida hoje. Vivemos um momento único onde os trabalhadores desde a república proclamada lutaram e choraram para alcançar esse objetivo e, quando conseguem, eu pelo menos, não me vejo representado em nada do que é feito. Mas não são assim as lutas? um misto de desejos e conquistas e desilusões que quase nunca vem na mesma ordem? São sim. Então temos instalada a república dos abandonados, o trono dos que sofreram, pilhados, calados, abatidos sistematicamente pelo poder dominante. Eu deveria estar feliz, são meus representantes, eu estava do lado deles até bem pouco tempo, suas lutas eram minhas lutas, o que aconteceu que agora o que eles fazem não me comovem? ou será ódio natural que sentimos a vida inteira dos que estão lá em cima? Esse governo não ajuda os pobres? Não bate nos poderosos com queríamos tanto quando estávamos lado a lado na luta? A TV Globo não era inimiga número 1 de todos que queriam a liberdade? A revista Veja não era oportunista e golpista quando a direita governava? Quem está certo? Vamos caçar agora as concessões das tvs e assim nos vingar? Ou agindo assim estaremos nos comportando como eles quando eram os donos do poder e nos calavam com mentiras concretas? O que fazer quando a verdade é leve como um algodão senil e a mentira é chumbo fétido? Devemos nos calar e ver o caminhar desabalado da ignorância e da ingenuidade pérfida, pois os nossos nunca tiveram vez e agora estão correndo atrás dos prejuízos? Assim nas universidades colhem-se diplomas tão falsos como nota de 25 ou como cana-de-açucar para encher tanques. Os nossos filhos são tratados com ração diária de desinformação e sopa quente, e muita paz, amor, carinho, coração, onde foi parar a razão? Os jovens com a cabeça cheia de vazios não sabem nem quem é Che, quanto mais Lênin, Trotsky, Stálin, Mao, Marx. Descobriu-se que se a escola de direita bania os de esquerda, a de esquerda não pode se orgulhar de seus heróis tanto quanto achavam. Sangue azul, vermelho, branco, negro, todos escorreram nessa luta por poder, uns mais que os outros, uns armados para se manterem, outros para lutarem por ideais trôpegos, como um dia alcançar o poder. Um contraponto rápido, quando os negros alcançaram o poder no Haiti, não tiveram a menor dúvida sobre quem escravizar, e foram os seus. O poder corrompe fala alguém; corrompe almas fracas, diz o outro; o que ninguém fala é que corrompe e só. Estariam errados então os que agora governam, tentando criar políticas afirmativas, tentando salvar a honra dos pobres, depois de anos espezinhados pelos ricos? Não, acho que não. Apenas sinto um ódio surdo por ver que ao alcançarem o poder (coisa que vinham lutando há tanto tempo, que lutamos tanto) eles não tinham projetos. Eles precisaram mudar tanto, daquele candidato irascível, derrotado por uma edição de um debate, que iria romper com o FMI no outro dia, à esse que pegou o legado da inflação controlada, o real na praça e uma nação pronta para crescer. Eles discutiram demais entre si, se mataram entre si, enquanto nós aqui fora achávamos que nossos salvadores tinham todas as melhores idéias, eram éticos, pois o sofrimento dignifica o homem. Não tinham nenhuma boa idéia, apenas um rosto ingênuo e aparentemente a nossa feição de boa praça, e um bolso cheio de jeitinhos, tanto era isso que abraçaram todas as idéias que estavam na praça, o neo-liberalismo e toda estrutura viciada dos anteriores, e agregaram a isso o abraço fraterno ao pobre (só isso basta?), de resto fizeram as mesmas associações nefastas com os abutres que rondam carniças, que haviam nos batidos com o chicote tão fortemente antes, e na hora da foto, lá estavam eles todos juntos. Então chegamos aonde estamos, a apatia em forma de ONGs de bolso cheios, os políticos tão corruptos quanto antes, a mentira travestida que faz seu trottoir ainda por aqui, a vergonha em forma de silêncios medrosos e uma luta de classe que opõe o pobre e o rico, o pobre podendo tudo, pois para tudo existe uma explicação lógica nos anos de sofrimentos. Os ricos tendo que se calar para não serem agredidos pelos anos em que esbanjaram e viveram á custa dos pobres. Sejam bem vindos à República dos Homens Bons, República das Almas Boas, República Multicultural do Brasil, República dos Ingênuos Poderosos...Qual a razão de tudo isso ser tão parecido com a Revolução Comunista Soviética? onde os cossacos saíram matando, roubando, quebrando, estuprando tudo em nome do estado e de se vingar dos que detinham o poder antes? mas pergunto, resolveu? ou foram muitas almas abatidas em vão pela ignorância oficial? E antes, bem antes do dia, eles necessitam pensar no futuro deles, para tudo não acabar numa quarta-feira de cinzas.



s.o.

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