quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Texto

É preciso aprender a chamar o texto apenas de texto. O chamativo mais nobre que se pode dar a um texto é justamente chamá-lo de texto. Nada de definições. Pegue a lista telefônica. Pegue o jornal. Pegue o panfleto. Pegue a lista de compra. Pegue as palavras cruzadas. Nada disso! São todos textos! Chamá-los-emos apenas de textos! Definir o texto, chamando-o pelo seu gênero textual é esquecer sua real desimportância. É procurar nele utilidade prática. Quando na verdade, não há utilidade prática em texto algum. Por que lemos então? Pra que lemos então? Para nada! Por que vivemos então? Pra que vivemos? Para nada também. Dessa forma, é em busca do nada que devemos ir. E não vamos chegar a nada algum enquanto continuarmos a não chamar os textos de textos. Já não basta exigirmos que as pessoas se definam? se classifiquem? se nomeiem? Quando o bom mesmo é não ter nome algum, classificação alguma. Só assim somos realmente célebres. Esqueçamos o tecnicismo dos linguistas com seus mais de cinco mil gêneros textuais. O bom mesmo é ter só um gênero textual. O gênero textual texto. A tipologia texto. Sem função. Sem origem. Sem forma. Sem conteúdo. O conteúdo é justamente não querer encontrar conteúdo. Já temos conteúdo demais. Conteúdos que não queremos ter. Informações que não queremos ter. Já sabemos demais sobre pessoas que não nos interessa nenhum pouco. Não vamos fazer com que o texto nos informe justamente o que ele não quer nos informar. Não faremos de nossos textos celebridades. Dá-los-emos o direito de anonimato eterno.
t.c.s.

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