sábado, 14 de julho de 2007

Fechadura

Ouvi comentários que o tal do pan ia ser no Brasil. Tive o desprazer de assistir a abertura do evento e não conseguir entender o motivo da ausência de figuras carimbadissimas nessas ocasiões vulneráveis a holofotes.

O que tv muito destaque foi um jacarezão gigante que desfilava imponente, como se representasse uma nação impregnada de selvagens, de tarzans. Justo nesse momento Nossa Senhora de Fátima Bernades me diz que tudo o que estava sendo representado estava parecido com a gente. Certamente ela deve ir para o projac montada num bicho desses.

No quesito música me aparece Adriana Calcanhoto que sempre fugiu da mídia como o diabo da cruz, veio com sua meiguice aconchegada em uma cadeira também gigante executando Dorival Caymi, não entendi por que ela não cantou aquela da bochecha. Chico César também deu o ar da sua desgraça, para ser mais autêntico faltou vir montado em um touro bravo de rodeio, para assim poder homenagear a Rita Lee e uma certa última composição que fizeram juntos e também para ilustrar a biografia de Renan Calheiros.

Se o espetáculo realmente fosse no Brasil, o aspecto musical poderia ter ficado a cargo de um dueto com tati quebra-barraco e joelma do calipso. Tenho certeza que o público daqui ia sair bem mais satisfeito, afinal são muito mais bem conhecidas e adoradas. O molusco presidente talvez sugerisse os rebeldes com quem já tirou até foto, ou quem sabe uma quadrilha com seus colegas de trabalho, já que ainda estamos em tempos de festas juninilhinas.

Coreografias muito bem ensaiadas. Se o evento fosse no nosso país com certeza não ia faltar um traficante, um deputado corrupto, um garotinho sendo arrastado, uma empregada espancada no ponto de ônibus, bois que rendem milhões, uma espera interminável no aeroporto, a lida de um trecho de livro de auto-ajuda, ou uma daquelas correntes que circulam por e-mail, ou quem sabe um bispo para renascer a parte ecumênica.

Acabei de crer que o evento não acontecia aqui dos nossos lados quando o molusco chefe da nação aparece de bicão querendo tomar o microfone, justo do homem que era metido a falar não sei quantos idiomas. Talvez o molusco tenha notado a tempo que a multidão no estádio estava desprovida de fones no ouvido e assim certamente ninguém ali ia conseguir entender o idioma molusquês. Afinal o homem era poliglota, mas, não fazia milagres.

Certamente tudo isso deve ter acontecido em um país onde todo mundo relaxa e goza! O país das maravilhas talvez.


t.c.s.

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